domingo, outubro 14, 2012

Jardim secreto

 Ei, jardim secreto! Corro ofegante em busca da tua porta..... será que perdi o trilho? As ervas daninhas começaram a  cobri-lo... As lágrimas não deixam ver mas conheço ainda por onde me guiar... Antes, o denso nevoeiro não me impedia de chegar aí... Ah, memórias de dias guardados nos teus muros. Éramos cúmplices, lembras-te? Cuidávamo-nos mutuamente. Mas eu deixei-te.... as luzes chamaram-me e eu fui.... terei a tua chave no bolso? Deixa-me voltar a entrar. Seremos de novo a companhia um do outro, a cumplicidade um do outro. Tu permitias o meu deambular, o meu aninhar, o meu cantarolar, o meu calar. Ainda aí estão aquelas árvores frondosas? As que protegiam da chuva? Ainda aí está aquela gruta? Sim, limparei o trilho que cercava o lago. Mas deixa estar o do lado de fora. Assim, ninguém nos descobre. E voltaremos a sorrir. No nosso mundo de pequenez. Na nossa pequenez que é um mundo para nós. Desdenham de nós. Riem de nós. Seremos sempre pequenos seres ao lado das suas luzes ofuscantes... Mas esse universo gigante transborda de constelações! E de estrelas! Ele está preenchido e satisfeito! Seremos um detalhe neste enorme ecossistema. Detalhe insignificante. E a insignificância nos protegerá. Dizem que vai chover muito. Mas na gruta nunca chovia, lembras-te?
Estive tempo demais fora, não foi? Mas vim a tempo de ver brotar o verde!
Estou aqui! Acho que encontrei o caminho! Mas já é tão escuro, tão tarde!
Limpo os olhos na tentativa de ver melhor.
Será este?
E a chave? Eu tinha-a aqui........




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